23. O PLANO

     - Pulem! – gritou Margô.
     - Pular? – questionou Baldo, mesmo com os pés ardendo por causa das chamas.
     - Pulem por suas vidas! – berrou novamente a doutora – Todos juntos!
   Foi o que fizeram os três (Rimo junto, por inércia). Claro que, amarrados, não era possível dar grandes saltos. Os pulinhos, no entanto, eram suficientes para aliviar a queimação nos pés – e também fazê-los de certa forma se locomover em bloco. A cada pequeno salto, o grupo deslocava-se em direção à borda da fogueira.
    - Imbecis! Não deixem que eles escapem! – ordenou o Mestre do Mal a um grupo de capetinhas de lanças em punho. O chefão gritou de tal forma eloquente que ficou com o rosto mais vermelho do que já costumava ser.
    Tarde demais. A tática de Margô deu resultado e, depois de um último pulinho, ela, Zé, Baldo e Rimo saltaram das chamas e estatelaram-se no chão, num baque seco e dolorido.
     - Ai!
     Por sorte, Margô e Baldo caíram por cima de Zé, o mais forte do trio, que absorveu o impacto. Com o choque, Rimo conseguiu se desprender das cordas e corajosamente voou em direção aos lanceiros, desviando das lâminas afiadas no momento preciso com rodopios no ar.
     A insistência dos diabinhos em ferir o pássaro deu tempo suficiente para que os outros se livrassem das cordas, frouxas depois de tanta movimentação. Mesmo vendo estrelas, a doutora e os demais imediatamente puseram-se de pé. Não era hora de aparentar sofrimento. Afinal, é disso que o Diabo se alimenta.
     - E agora, Margô? – quis saber Baldo.
     - Vamos completar nossa missão e resgatar a alma de Rui Rico! – respondeu de pronto a ruiva.
     - Vocês só estão se esquecendo de um detalhe – alertou Zé – Entre a gente e a garrafa, há pelo menos cem mil demônios, diabos e capetas!
     Detrás da legião de subalternos, Lúcifer reapareceu de asas abertas e cara de mau. Em uma das mãos, trazia um tridente cujas lâminas reluziam de tão afiadas; na outra, carregava a garrafa com a alma do candidato à presidência do Brasil.
     - Bem lembrado, meu caro bigodudo. Bem lembrado! – tomou a fala o capetão – Esta garrafa é o que vocês querem? Pois venham buscá-la... se conseguirem! Hahahahahahaha!

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