7. A CONDENAÇÃO

     A gente aqui da Terra não sabe, não consegue ver. Olhamos para o céu e só enxergamos estrelas, a lua, o sol e um punhado de nuvens. Porém, por trás desta camada superficial, existe um universo mil vezes maior e mais antigo que o nosso. Um lugar calmo e pacífico. Porém, de disciplina rígida.
    Assim que Checarion trouxe o relatório aos 13 arcanjos do Conselho, a trombeta de alerta soou nos quatro cantos do Éden. Era o sinal de que um perigo iminente rondava as galerias do Céu. 
    Pela Lei 555/88, instaurada desde a queda de Lúcifer, um anjo da guarda estava terminantemente proibido de se aproximar do Inferno. Era perigosíssimo. Afinal, eram eles os servidores celestes mais ligados aos homens - cujas almas servem de alimento para os demônios difundirem o Mal pelo mundo. Um anjo protetor corrompido pelas Trevas, além de perder a função, era uma ameaça enorme a todo equilíbrio de forças do universo, por ter fácil acesso à frágil mente humana.
     Assim, de repente, Caliel tornou-se um fora da lei.
   Mas, ele não sabia disso. Pois, quando todo burburinho ocorreu, ele estava em missão na Terra, protegendo um dos humanos sob sua responsabilidade. Por isso, ele tomou o maior susto quando cinco anjos guerreiros, com espadas flamejantes em punho, apareceram em sua frente, prenderam-no à força e arrastaram-no de volta para o Céu.
     - O que foi que eu fiz? – gritou ele, suspenso nos ares.
    - Tu desrespeitaste uma das mais importantes leis divinas – declarou Cesariel, o presidente do Conselho, assim que o réu adentro a Galeria.
     Caliel rápido entendeu do que se tratava.    
     - Mas, eu desci para o Inferno porque...
     - Cala-te, infeliz! Não diga esta palavra em pleno território do Senhor! Tu quebraste a aliança sagrada e não é mais confiável para estar entre nós. De hoje em diante, Caliel, determino que tu percas a função de guardador dos humanos e sejas banido das galerias celestiais.

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